Quais os maiores desejos financeiros dos casais e como se planejar para alcançá-los
Os objetivos de um casal vão desde compartilhar momentos até conquistar sonhos juntos. Para isso, as finanças nunca podem ficar de fora das conversas e planejamentos. Segundo um levantamento da fintech Noh, os três principais sonhos dos casais são casa própria, viagem e estudos.
Ainda segundo a pesquisa, feita com 2 mil usuários da conta conjunta digital para casais, 54% dos entrevistados estão cortando gastos ou pagando dívidas para conseguir poupar dinheiro e realizar sonhos.
De acordo com Marlon Glaciano, planejador financeiro e especialista em finanças, para planejar a conquista da casa própria, viagens e estudos, é fundamental estabelecer um orçamento detalhado e metas financeiras claras para cada objetivo.
Já Simone Carvalho Santos, economista, CFP® e CEO do Grupo NanoCapital, destaca que a comunicação aberta e constante entre os parceiros é essencial para alinhar expectativas e prioridades, o que garante que ambos estejam comprometidos com os objetivos estabelecidos.
“Outro ponto crucial é a educação financeira. Buscar conhecimento sobre finanças pessoais, investimentos e economia pode capacitar os casais a tomar decisões mais informadas e seguras. Participar de cursos, workshops ou até mesmo ler livros e artigos sobre o tema pode fazer uma grande diferença na gestão financeira do casal”, afirma a CEO.
Como os casais podem conquistar os objetivos
A pesquisa aponta que a maioria dos entrevistados (54%) está, primeiro, equacionando a vida financeira, sendo que, para 28,4%, a meta do momento é cortar gastos desnecessários; os outros 25,5% estão pagando dívidas. Assim, apenas 18,3% dos casais já estão investindo para realizar sonhos.
Por isso, entenda como planejar cada um dos objetivos:
Casa própria
Simone Carvalho Santos diz que, primeiramente, é necessário definir um orçamento claro, avaliando a renda, as despesas e a capacidade de poupança mensal.
“Além disso, é importante pesquisar o mercado imobiliário para entender os preços e as condições de financiamento disponíveis”, aponta ela.
Clay Gonçalves, planejadora financeira da SuperRico, destaca que é necessário considerar se o pagamento será à vista ou se haverá financiamento, o que é mais comum entre os brasileiros.
“No caso de pagamento à vista, é importante trabalhar uma carteira de investimentos diversificada para atingir o objetivo com maior eficiência. Uma abordagem interessante é aproveitar o tempo de poupança para conhecer as opções de fincar raízes. Aproveite para morar em diferentes bairros, ou até em outras cidades, para analisar o custo de vida, a adaptabilidade da família e o que a região oferece”, diz.
Já no caso de quem vai financiar, ela aconselha que o projeto deverá contemplar, além dos recursos financeiros para a entrada do financiamento, os custos com a documentação do imóvel, como as certidões pessoais para a compra, o custo de avaliação do imóvel e os impostos e taxas.
“Estes custos podem variar entre 10 e 15% do valor do imóvel, mas é importante estimá-los com maior precisão. Para isso, as informações públicas de bancos e cartórios podem ajudar. Além disso, é importante não só comparar as opções de financiamento entre os bancos como observar a economia para se certificar de que não está contratando taxas de juros muito altas, que podem pesar no orçamento a longo prazo”, alerta.
Como investir
Glaciano aponta investimentos de menor risco e de fácil acesso, como CDBs e títulos do Tesouro Direto, como alternativas para os casais que querem investir na compra da casa própria.
A planejadora SuperRico, por sua vez, diz que para objetivos de médio prazo, como a compra do imóvel, os casais podem montar uma carteira com maior diversificação, como com fundos multimercado além dos títulos de renda fixa.
Se o planejamento da casa for de prazo mais longo, ela destaca ter uma parcela de investimentos atrelados à inflação, como os títulos de Tesouro IPCA+, outros títulos de renda fixa e fundos de investimentos que tenham o IPCA como referência para a rentabilidade, além de exposição à renda variável.
Viagem em casal
Para o casal que quer planejar uma viagem, Gonçalves afirma que é importante conhecer o seu destino antecipadamente. “Informe-se sobre o custo de hospedagem, alimentação, atrações turísticas etc. Tenha um roteiro, pois com ele você poderá estimar custos diários e ter uma folga para os imprevistos, que são bem-vindos em viagens”.
Marlon Glaciano ainda sugere utilizar cartões de crédito com programas de milhagem.
Como investir
A planejadora financeira alerta que se o destino for internacional, é ainda mais importante conhecer todos os detalhes da viagem. “Nestes casos, parte da poupança já pode ser feita diretamente na moeda local, com o uso de cartões de débito globais. Desta maneira, é possível diluir os custos da variação cambial da moeda”.
Ela ainda destaca investimentos de renda fixa e curto prazo, como CDBs pós-fixados ou mesmo os títulos prefixados do Tesouro Direto.
Já Glaciano aconselha usar investimentos de curto prazo e alta liquidez, como fundos de renda fixa e poupança, além de considerar a compra de dólares como estratégia para proteger contra variações cambiais.
Estudos pessoais e dos filhos
Para realizar o sonho de pagar os estudos, seja para o casal ou para os filhos, é preciso uma atenção maior ao longo prazo. A CEO da Nano Capital alerta que é importante que os casais mantenham uma disciplina financeira rigorosa e revisem periodicamente seus planos e investimentos.
Gonçalves diz que poupar para os estudos dos filhos é um objetivo de longo prazo, e recomenda-se estimar o custo do que seria uma universidade no presente.
“Use estas projeções para determinar o valor necessário para o objetivo. Com o passar dos anos, atualize o objetivo em relação às mudanças deste custo, mas, principalmente, de acordo com as escolhas dos seus filhos. O mais importante neste caso é ser constante na poupança”, afirma.
Como investir
O especialista em finanças destaca que em relação aos estudos, investir em fundos de educação e produtos de médio e longo prazo, como ações e ETFs, aumenta as chances de que os recursos estejam disponíveis quando necessário.
Já a planejadora financeira da SuperRico relembra que para objetivos de longo prazo, deve-se considerar investir em títulos atrelados à inflação. No caso dos estudos, o Tesouro Direto oferece uma opção específica para esse objetivo, o Tesouro Educa+.
Por fim, Simone Carvalho Santos diz que é recomendável diversificar os investimentos para minimizar riscos. “Não colocar todos os recursos em um único tipo de investimento pode proteger o patrimônio contra oscilações de mercado e garantir uma rentabilidade mais estável”.
“É importante lembrar que alcançar grandes objetivos financeiros pode levar tempo e exigir sacrifícios ao longo do caminho. Manter a motivação e o foco nos objetivos finais, celebrando pequenas conquistas e progressos, pode ajudar a manter o casal engajado e comprometido, além de evitar a exposição a riscos desnecessários”, completa.
+ Os 3 pilares da intimidade financeira que um casal deve ter, segundo Ana Zucato, da Noh
O que pode atrapalhar os sonhos
Para Ana Zucato, CEO e cofundadora da Noh, a falta de transparência e diálogo são alguns dos motivos que dificultam a vida financeira a dois e a conquista de objetivos.
“O motivo é simples: se você mora junto com o companheiro ou a relação está ficando mais séria, os gastos começam a se misturar e fica difícil fazer o controle se a dupla não conversa sobre dinheiro”.
Ela também aponta que se um plano não sai como planejado, ficar preso a ele pode ser tão prejudicial quanto não realizá-lo. “Não tem problema se os sonhos não estão acontecendo da forma e na velocidade que o casal planejou. Uma dica é evitar botar a culpa no outro, e isso é uma tendência do ser humano”.
Marlon Glaciano ainda reforça outros pontos que podem atrapalhar a busca dos objetivos, como a falta de planejamento financeiro, gastos excessivos e não controlados, endividamento elevado, ausência de uma reserva de emergência, e falta de disciplina em seguir o plano de investimentos.
Ainda de acordo com a pesquisa, 16,3% dos casais não têm plano específico para atingir os sonhos, 9,1% têm um plano de poupança (mas sem dizer como ou se está em andamento) e 2,4% disseram que estão buscando outros meios, sem especificar quais.
“Além disso, mudanças inesperadas na renda, como perda de emprego ou redução salarial, e investimentos inadequados ou mal planejados podem comprometer a capacidade de acumular recursos. Para mitigar esses riscos, é crucial ter um plano financeiro bem estruturado e revisado periodicamente”, completa o especialista em finanças.
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