Tanto nos FIIs de papel quanto nos de tijolo, analisar a carteira é um passo fundamental antes de investir. Foto: Pexels

Depois de um fim de ano desafiador, o começo de 2025 parece mais favorável para os fundos imobiliários. De janeiro até 17 de março, o Ifix (principal índice do segmento na B3) acumula alta de 3,30%. No mês de fevereiro, cinco FIIs tiveram retorno acima de dois dígitos.

“O fim do ano passado, dado todo o contexto de deterioração do cenário macroeconômico, foi desafiador para os FIIs. A gente viu cair o preço das cotas dos fundos imobiliários negociados no mercado secundário. Era um momento de bastante incerteza, principalmente quanto à trajetória da taxa de juros”, explica Maria Fernanda Violatti, analista especializada em fundos imobiliários.

No entanto, principalmente após a primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) presidida por Gabriel Galípolo, essa incerteza diminuiu, diz ela. “Com uma maior clareza sobre a trajetória da nossa taxa de juro Selic e algumas outras questões no cenário macroeconômico, o investidor percebeu que os patamares a que os FIIs estavam sendo negociados estavam muito baixos, as pessoas começaram a se atentar que era um ponto de entrada interessante”, afirma.

Apesar da redução na incerteza, o mercado de fundos imobiliários ainda enfrenta desafios, alerta a analista. Afinal, embora haja maior previsibilidade sobre a taxa de juros, o patamar da Selic ainda é elevado. “O ambiente de aumento de taxa de juros tende a ser um ambiente mais desafiador para essa classe de renda variável.”

Confira o levantamento da Quantum com os FIIs que mais renderam em fevereiro, publicado com exclusividade pelo Bora Investir.

Os FIIs de papel, tijolo e multiclasse que mais renderam em fevereiro

10 MAIORES RETORNOS POSITIVOS NO MÊS (FEV/24) – FIIs: PAPEL, TIJOLO E MULTICLASSE
Nome do Ativo Ticker Classificação Setorial – Classe de Ativo Retorno
KINEA HEDGE FUND RESP LIMITADA FII KNHF11 Multiclasse 11,90%
MAUÁ CAPITAL REAL ESTATE FII MCRE11 Renda Fixa 11,00%
CYRELA CRÉDITO FII CYCR11 Renda Fixa 10,55%
VBI CRI FII CVBI11 Renda Fixa 10,29%
VECTIS JUROS REAL FII VCJR11 Renda Fixa 10,27%
PÁTRIA RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS RESP LIMITADA FII HGCR11 Renda Fixa 9,52%
MAUÁ CAPITAL RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS FII MCCI11 Renda Fixa 9,28%
HABITAT RECEBÍVEIS PULVERIZADOS FII HABT11 Renda Fixa 9,04%
RIZA ARCTIUM REAL ESTATE FII RZAT11 Multiclasse 8,97%
RBR RENDIMENTO HIGH GRADE FII RBRR11 Renda Fixa 8,90%
Fonte: Quantum

Os FIIs de papel que mais renderam em fevereiro

MAIORES RETORNOS POSITIVOS NO MÊS (FEV/24) – FIIs DE PAPEL
Nome do Ativo Ticker Retorno
MAUÁ CAPITAL REAL ESTATE FII MCRE11 11,00%
CYRELA CRÉDITO FII CYCR11 10,55%
VBI CRI FII CVBI11 10,29%
VECTIS JUROS REAL FII VCJR11 10,27%
PÁTRIA RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS RESP LIMITADA FII HGCR11 9,52%
MAUÁ CAPITAL RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS FII MCCI11 9,28%
HABITAT RECEBÍVEIS PULVERIZADOS FII HABT11 9,04%
RBR RENDIMENTO HIGH GRADE FII RBRR11 8,90%
RBR CRÉDITO IMOBILIÁRIO ESTRUTURADO FII RBRY11 7,91%
VBI RENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS I FII BARI11 7,07%
Fonte: Quantum

Os fundos de tijolo que mais renderam em fevereiro

MAIORES RETORNOS POSITIVOS NO MÊS (FEV/24) – FIIs DE TIJOLO
Nome do Ativo Ticker Classificação Setorial – Tipo de Imóvel Retorno
VINCI LOGÍSTICA FII VILG11 Logística 8,80%
VBI PRIME PROPERTIES FII PVBI11 Lajes Corporativas 8,60%
TELLUS PROPERTIES RESP LIMITADA FII TEPP11 Lajes Corporativas 7,70%
BRESCO LOGÍSTICA RESP LIMITADA FII BRCO11 Logística 7,18%
VBI LOGÍSTICO FII LVBI11 Logística 7,17%
MÉRITO DESENVOLVIMENTO IMOBILIÁRIO I FII MFII11 Híbrido 5,78%
HSI MALLS FII HSML11 Shopping 5,60%
KINEA OPORTUNIDADES REAL ESTATE RESP LIMITADA FII KORE11 Lajes Corporativas 5,15%
TIVIO RENDA IMOBILIÁRIA RESP LIMITADA FII TVRI11 Agências 4,89%
VINCI SHOPPING CENTERS FII VISC11 Shopping 4,21%
Fonte: Quantum

Como mostra o levantamento, os fundos de papel lideraram a lista dos FIIs com melhor desempenho no mês. Esses são fundos que têm em suas carteiras títulos de renda fixa, em especial, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).

“Fundos de papel tiveram um desempenho superior aos fundos de tijolos. Essa diferença de performance pode ser explicada pela trajetória dos juros. A gente tem uma alta de um ponto percentual já considerada como certa [na reunião do Copom desta quarta-feira] e uma possível sequência de altas. Isso acaba beneficiando os rendimentos dos fundos imobiliários de papel que são indexados a CDI. E o cenário de inflação acima da meta também beneficia essa classe, porque há fundos que têm em seus portfólios títulos indexados à inflação”, diz Violatti.

Independente do cenário positivo para os FIIs de papel, no entanto, a analista alerta que é importante analisar a carteira dos fundos e a qualidade dos ativos. “Minha recomendação é olhar principalmente para os FIIs mais high grade, que têm uma melhor relação risco-retorno nesse momento”, diz.  

Na opinião dela, a maior atratividade dos fundos de papel deve se manter nos próximos meses. Isso porque o cenário de juros elevados traz desafios para os fundos de tijolo, aqueles que investem diretamente em imóveis, como lajes corporativas, shoppings, galpões logísticos, entre outros.

Mas há oportunidade, considerando o nível de desconto da cotação na comparação com o valor patrimonial dos fundos – desde que o investidor tenha um horizonte mais longo para manter o dinheiro investido. Para isso, novamente, é preciso avaliar cada fundo e sua carteira. “Observe qual é a qualidade desses imóveis, a localização, e as perspectivas de ocupação”, lembra Maria Fernanda Violatti.

“Quando tivermos qualquer expectativa de queda na taxa Selic, o retorno total dos fundos de tijolos, considerando a valorização da cota associada aos dividendos mensais, pode acabar superando o dos fundos de papel”, diz ela.

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